“Lata d’água na cabeça/Lá vai Maria, lá vai Maria/Sobe o morro e não se cansa/Pela mão leva a criança/Lá vai Maria/Lata d’água na cabeça/Lá vai Maria, lá vai Maria/Sobe o morro e não se cansa/Pela mão leva a criança/Lá vai Maria/Maria lava roupa lá no alto/Lutando pelo pão de cada dia/Sonhando com a vida do asfalto/Que acaba onde o morro principia.” Marchinha de Carnaval
Na próxima sexta-feira (25/10), o Cinema Comentado Cineclube exibe, gratuitamente, a partir das 19h, na sala de audiovisual do Centro Cultural Hermes de Paula, o filme “A Fonte das Mulheres”, lançado em 2011 na França com distribuição da Paris Filmes, que trata da questão social feminina na contemporaneidade e sua submissão religiosa ao homem, como objeto de propriedade particular, consumo e desejo sexual no marketing subliminar e objetivo da sociedade capitalista pós-moderna. O filme é recomendado para maiores de 14 anos.
A “Fonte das Mulheres” é um longa-metragem do gênero drama e comédia, com direção e produção do francês Radu Mihaileanu e contribuições de Gigi Akoka, Adil Abdelwahab, Salah Benchegra, Saaf Fekhari, Luc Besson (diretor de “Joana Darc”, mulher camponesa nascida em 1412 e morta em 1431, heroína da Guerra dos 100 Anos entre França e Inglaterra, assassinada pela Igreja católica como bruxa na fogueira e canonizada 500 anos depois pela mesma instituição religiosa) e Denis Carot. O lançamento do filme no Brasil aconteceu em 20 de janeiro de 2012.
O longa-metragem se passa em um lugarejo no Norte da África e Oriente Médio, onde as mulheres são condicionadas pela religião islâmica a ficarem responsáveis pelas tarefas domésticas. Dentre os serviços, buscar água sob sol intenso em um manancial bastante longe, como as mulheres nordestinas brasileiras com sua lata d’água na cabeça ou moradoras das favelas nacionais criadas pelo Exército da República Velha (1889-1930) por causa da Guerra de Canudos, na Bahia, em 1896 e 1897.
A personagem Leila, única que sabe ler no grupo, passa a liderar uma rebelião feminina por melhores condições de vida e sugere uma greve de amor, abraços e sexo contra os homens, para forçar uma maior conscientização desses mesmos com o trabalho e a figura feminina. O elenco é composto pelas atrizes Leila Bekhti (que interpreta a personagem Leila), Hafsia Herzi (como Esmeralda) e Sabriana Ouzani (como Rachida).
As sessões do Cinema Comentado Cineclube são realizadas sempre às 19h na sala de audiovisual do Centro Cultural Hermes de Paula. A entrada é gratuita e aberta aos interessados. Após a sessão, acontece um breve bate-papo entre os participantes. O Cinema Comentado Cineclube tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros.
“Na relação com a mulher, como presa e servidora da luxúria coletiva, expressa-se a infinita degradação na qual o homem existe para si mesmo, pois o segredo desta relação tem sua expressão inequívoca, decisiva, manifesta, desvelada, na relação do homem com a mulher e no modo de conceber a relação imediata, natural e genérica.” Karl Marx (1818-1883)
“É importante lembrar que em 1500 só chegaram homens ao nosso país: soldados e aventureiros. Entre eles, notem-se criminosos, degredados de Portugal, que deviam cumprir penas no Brasil. Nem todos eram de origem portuguesa. Para satisfazer suas necessidades sexuais usavam as índias que eram habitualmente estupradas. Mais tarde satisfaziam-se com as africanas, compradas como escravas e separadas de seus maridos. Criou-se, desse modo, nos homens, e por meio deles, nas mulheres, a base moral sexual dupla que até hoje vigora fruto dessa simples rotina da sexualidade colonial.” [Livro “Morrer para Viver: A Luta de Tito de Alencar Lima contra a Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985)”, do sacerdote salesiano holandês Ben Strik, Brasilhoeve, 2009, p. 73]
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