No próximo sábado, 23 de junho, o Cinema Comentado Cineclube e o Curta Circuito exibem o último filme da programação de 2018 em Montes Claros. A PRÓXIMA VÍTIMA (1983), dirigido por João Batista Andrade, com Antônio Fagundes no elenco, é um dos filmes que melhor representa o gênero policial no cinema nacional.
Na trama, que se passa no bairro paulistano do Brás, um maníaco assassina prostitutas, e a polícia usa métodos condenáveis para investigar. Ao mesmo tempo, o país vive período eleitoral, e os crimes são usados politicamente. David, interpretado por Fagundes, é um jornalista de uma rede de TV que, apurando as execuções promovidas pela polícia, acaba se envolvendo com a prostituta Luna.
O filme é baseado no serial killer conhecido como “Maníaco do Brás”, que cometeu crimes entre abril e maio de 1982. Ele matava as vítimas com punhaladas ou por asfixia. No quarto de hotel que foi cena de um dos crimes, o assassino deixou uma mensagem na parede anunciando as próximas vítimas.
O crítico Felipe Guerra, que assina o caderno de críticas desta edição do Curta Circuito, explica que A PRÓXIMA VÍTIMA jamais materializa seu assassino. “O espectador vê apenas os corpos mutilados de suas vítimas, em cenas cruas que ressaltam um sentimento de fatalismo e desesperança. Mas o criminoso é uma presença quase fantasmagórica (talvez por isso o apelido de “Vampiro do Brás” [alcunha criada para o filme]), que nunca aparece, mas em torno dele gira toda a história”, diz.
A diretora do Curta Circuito, Daniela Fernandes, explica o motivo de escolher a violência como tema da mostra em 2018. “Como não abordar, “exibir” um tema que é tão atemporal? A opressão, o medo e a intimidação caminham lado a lado por décadas e décadas na nossa história. Partindo do tema “A Violência no Cinema Brasileiro”, apresentaremos a nossa inquietação e impassividade diante de questões que envolvem desde a violência à nossa ética”, afirma.
O Cinema Comentado Cineclube também exibiu, neste ano, em parceria com o Curta Circuito, os filmes “Os treze pontos” (1985); “O outro lado do crime” (1979); e “Beijo na boca” (1981). “Nosso papel continuará sendo o de dialogar, questionar e trazer à tona questões históricas. Nossos filmes, nossa memória – assim como a ética – não podem ser esquecidos”, conclui Daniela.
As sessões do Cinema Comentado Cineclube acontecem na sala de audiovisual do Centro Cultural Hermes de Paula, aos sábados, sempre às 19h, e a entrada é gratuita. Após as sessões, a equipe promove um bate-papo com os participantes. Neste sábado, os comentários são por conta do jornalista e professor Elpídio Rocha.
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