No sábado (06/12), o Cinema Comentado Cineclube, em parceria com o projeto Curta Circuito, promove a exibição de “A RAINHA DIABA” (1974), dirigido por Antonio Carlos da Fontoura. Lapa, Rio de Janeiro. Sanguinário e violento, o traficante gay Rainha Diaba comanda do quarto dos fundos de um bordel o tráfico de drogas da cidade. Avisado por um policial a seu serviço que um de seus mais belos comandados está para ser preso, Diaba encarrega Catitu, seu homem de frente, de fabricar um novo marginal com pinta de estudante para “dançar no lugar dele”. Catitu encontra Bereco, garotão marrento sustentado pela cantora de cabaré Isa, envolve-o numa série de crimes, promove-o como um bandido perigoso e arma uma cilada para entregá-lo no lugar do protegido da Diaba. Escapando da cilada, Bereco passa a acreditar na própria fama e parte para enfrentar a “rainha” de frente, atacando suas bocas. Vendo seu poder ameaçado, Diaba enfrenta-o com a ajuda preciosa de sua corte de travestis, até um desfecho sangrento.
Livremente inspirado na figura de Madame Satã – homossexual negro poderoso no mundo do crime, a trama é usada pelo diretor para discutir e revelar a situação do país durante o regime militar. A RAINHA DIABA é um dos raros filmes brasileiros dos anos 1970 que fazem referência à tortura. Ao falar sobre a corrupção do submundo, Fontoura refere-se “aos porões da ditadura” e ultrapassa as dimensões realistas para traçar um painel quase que folclórico da marginalidade. Destaque para a interpretação notável de Milton Gonçalves, como o protagonista, que recebeu o Candango de Melhor Ator, no Festival de Cinema Brasileiro de Brasília de 1975.
Cineasta com trabalhos diversificados entre ficção e documentário, Fontoura dirigiu títulos como “Copacabana Me Engana” (1968) e “Espelho de Carne” (1984) – obras que exploram a força das relações pessoais (e sexuais) entre os personagens. Além do cinema, atuou com destaque na TV dirigindo seriados como “Plantão de Polícia” e “Ciranda, Cirandinha”. Em 2013, retornou com o sucesso “Somos Tão Jovens”, cinebiografia de Renato Russo.
Para Andrea Ormond, do site Estranho Encontro, “A RAINHA DIABA é um monumento. O trabalho de Fontoura é inspirador – porque nunca previsível –, apesar da cinematografia brasileira se ressentir da quantidade de histórias que poderiam ter vindo a público e não vingaram. Incansável, mas sabendo operar além dos grandes refletores e da badalação da mídia, Fontoura é destes mestres que a arte nacional guarda próximo ao peito, e gerações recentes procuram ávidas, em busca de informações. Ao encontrá-las, saberão um pouco mais de si mesmas e, quem sabe, das delícias da criação humana”. Classificação etária do programa: 18 anos.
As sessões do Cinema Comentado Cineclube acontecem aos sábados, a partir das 19h, na sala Geraldo Freire, no prédio da Prefeitura. A entrada é grátis e todos os interessados podem comparecer e participar das exibições. Depois da sessão, acontece um bate-papo com a platéia sobre os filmes apresentados. Novidades e mais informações do cineclube estão disponíveis no Facebook: https://www.facebook.com/cinemacomentadomontesclaros.
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