Em 2015, a barragem de Fundão, da Samarco, no município de Mariana (MG), se rompeu, liberando lama tóxica que destruiu casas e vegetação, matou centenas de espécies animais e também ceifou vidas humanas. O rompimento trouxe prejuízos imensuráveis para o meio ambiente, além de acabar com a fonte de renda dos pescadores – que viviam do Rio Doce – e até hoje esperam por indenizações. Outros mananciais, de Minas Gerais e do Espírito Santo, também foram prejudicados pela lama.
No mês em que se completam três anos do maior desastre socioambiental do Brasil, o Cinema Comentado Cineclube e o MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens exibem o documentário “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”. A produção do documentário foi viabilizada pela plataforma de financiamento coletivo “Catarse”, em 2015, e conta a história de dez mulheres atingidas por barragens das cinco regiões do Brasil, que através de uma técnica de bordado que surgiu no Chile, durante a ditadura militar, costuraram seus relatos de dor, luta e superação frente as violações sofridas em suas vidas cotidianas.
No final das filmagens, formou-se um mosaico multifacetado de relatos de dor e superação. Estes bordados, que segundo Violeta Parra, “são canções que se pintam”, trazem ao público uma reflexão do que é ser mulher atingida. Se lá, no Chile, é seguir procurando suas memórias espalhadas como grãos de areia no deserto. Aqui, é buscar no fundo dos rios suas vidas alagadas. Arpilleras recebeu o prêmio de melhor documentário nacional pelo público no 44º Festival Sesc Melhores Filmes.
A sessão acontece na sala de audiovisual do Centro Cultural Hermes de Paula, no próximo sábado (10/11), a partir das 19h, e o bate-papo após a exibição será com Carine Guedes, bióloga e militante do MAB – movimento que atua há 26 anos para garantir os direitos de pessoas impactadas com a construção de barragens no Brasil. Carine integra o movimento há 4 anos, na defesa dos direitos das populações atingidas por barragens e grandes obras no Norte de Minas, a exemplo da barragem de Irapé (Grão Mogol), Bico da Pedra (Janaúba) e o projeto de construção da barragem de Jequitaí. A entrada é gratuita.
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