Na última sexta-feira, 13 de dezembro, o Cinema Comentado Cineclube realizou sua última sessão de 2019. A produção escolhida para encerrar as atividades do ano é inédita em Montes Claros. Dirigida pelos cineastas Carlos Pronzato e Richardson Pontone, LAMA: O CRIME VALE NO BRASIL foi exibido na programação da X Semana de Direitos Humanos.
Na sexta-feira do dia 25 de janeiro de 2019, a barragem do Córrego do Feijão pertencente à Vale S.A. rompeu em Brumadinho, espalhando um mar de lama pela região. Até agora, 257 mortos foram identificados e 13 seguem desaparecidas, além dos tantos animais engolidos pela lama (alguns sacrificados por impossibilidade de resgate) e do rio Paraopeba, um dos afluentes do rio São Francisco, totalmente contaminado.
No campo do debate são muitas as propostas e posições apresentadas, desde a reestatização da Vale, passando pela CPI da mineração até a exclusão da atividade minerária no país – sobretudo em Minas Gerais onde o quadrilátero ferrífero e o aquífero se misturam, representando um risco para os rios, logo para o abastecimento da população. O documentário se propõe a reunir as principais propostas, as percepções e a sensibilidade em torno do tema.
Desde o episódio a equipe do documentário esteve estradas, ruas e lama para registrar o cenário e captar as vozes que nos curtos intervalos dos helicópteros enunciam seu testemunho da tragédia. O documentário de intervenção política foi produzido de forma independente, trazendo um generoso número de depoimentos de moradores da região, militantes de movimentos sociais, especialistas do tema e representantes de órgãos oficiais, além de materiais relacionados com o episódio, reunidos minuciosamente. A produção teve direção de campo de Denise Belo.
Sobre os diretores
Carlos Pronzato é cineasta documentarista, diretor teatral, poeta e escritor. Suas obras audiovisuais e literárias destacam-se pelo compromisso com a cultura, a memória e as lutas populares. Dentre seus mais de 70 documentários destacam-se “O Panelaço, a rebelião argentina”, “Bolívia, a guerra do gás”, “Buscando a Salvador Allende”, “A Revolta do Buzu”, “Carabina M2, uma arma americana, Che na Bolívia”, “Madres de Plaza de Mayo, verdade, memória e justiça”, “Marighella, quem samba fica, quem não samba vai embora”, “Pinheirinho, tiraram minha casa, tiraram minha vida”, “Mapuches, um povo contra o Estado”, “A partir de agora, as Jornadas de Junho 2013”, “Dívida Pública Brasileira, a Soberania na Corda Bamba”, “Acabou a Paz, isto aqui vai virar o Chile, escolas ocupadas em São Paulo”, “Terceirização, a bomba relógio”, “Ocupa Tudo, Escolas Ocupadas em Paraná”, “A Escola Toma Partido, uma resposta ao Projeto de Lei Escola sem Partido”, “1917, a Greve Geral”, “1968, a Greve de Contagem”, “Mestre Moa do Katendê, a primeira vítima” etc. Entre outras importantes distinções recebeu, em 2008, o prêmio da CLACSO (Conselho Latino-americano de Ciências Sociais), em 2009, na Itália, o prêmio Roberto Rossellini, e em 2017 o Premio Liberdade de Imprensa pelo jornal Tribuna da Imprensa Sindical, no Rio de Janeiro.
Richardson Pontone Professor, fotógrafo e documentarista. É graduado em Comunicação Social – publicidade e propaganda, Especialista em Mídia Eletrônica Rádio e TV e Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local. É professor da Universidade do Estado de Minas Gerais – Divinópolis -MG e coordena o curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda e os Laboratórios de Rádio, TV e Fotografia. Atualmente desenvolve e coordena projetos de extensão que envolve produção de documentários, formação audiovisual de jovens e webrádio. Atua também junto a movimentos sociais de caráter popular em projetos de comunicação popular que envolve documentário, memória e território. Realizador de diversos filmes, em destaque: Impressões Prestes Maia (2006), Dossiê Organizações Globo, co-produção Brasil – Venezuela (2014), Devendo até a Alma – As ações da alma em Pitangui (2018).
Sobre o Cinema Comentado Cineclube
Iniciado em 2003, o objetivo do Cinema Comentado Cineclube é criar uma identidade entre o cinema (arte, ritual, meio de comunicação de massa e manifestação cultural) e a sociedade. É o momento de trabalhar o filme junto ao público: além de propiciar o conhecimento técnico dessa produção artística, precisa-se evidenciar a importância de um filme com “bem cultural” – que afeta os mais diversos espectadores e provoca uma sensibilização do olhar quando o público pode assistir obras “diferentes” daquilo que consome regularmente na TV, DVD ou internet, e nos grandes circuitos de salas de exibição.
A programação explora as cinematografias periféricas (fugindo do “monopólio” norte-americano), os temas de discussão/conscientização e a linguagem cinematográfica – elementos técnicos do filme, conhecimento histórico do cinema, a origem político-social de cada obra etc. É fundamental a recuperação e defesa do cinema brasileiro como processo de aglutinação cultural dos espectadores. O debate, após a sessão, provoca no público um enriquecimento de sua cultura cinematográfica e cria um ambiente crítico em relação à produção e ao tema do filme exibido. Incentivar e instigar o conhecimento, mantendo um equilíbrio saudável entre palestra, aula e discussão nos debates, é a proposta fundamental do Projeto que, atualmente, possui apoio da Secretaria Municipal de Cultura.
FICHA TÉCNICA
LAMA: O crime Vale no Brasil. Gênero: Documentário. Duração: 80 minutos. Formato: FHD. Direção: Carlos Pronzato e Richardson Pontone
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