No próximo sábado (07/04), o Cinema Comentado Cineclube exibe LA TETA ASSUSTADA. Dirigido pela peruana Claudia Llosa, o filme é um dos títulos selecionados para a mostra “Mulhere no Cinema Latino-Americano”, que dedica-se a compor um pequeno panorama de filmes dirigidos por mulheres consideradas fundamentais para o cinema contemporâneo. Com ela, o cineclube inaugura uma série de pequenas mostras a serem realizadas durante todo ano de 2018, a fim de construir, filme a filme, pequenos horizontes críticos.
LA TETA ASSUSTADA é um folclore existente no Peru, que atinge as mulheres estupradas durante a guerra do terrorismo. Seus filhos absorvem a doença através do leite materno, ficando sem alma. É o que ocorre com Fausta (Magaly Solier). A súbita morte de sua mãe faz com que ela tenha que enfrentar seus medos e o segredo que esconde: a existência de uma batata em sua vagina, como forma de se proteger de um possível estupro.
A programação da mostra “Mulhere no Cinema Latino-Americano” traz ao público pequenas reflexões a respeito das situações enfrentadas pelas mulheres no cotidiano, seja no ambiente familiar, profissional ou social. Preconceitos, tabus, violência e sofrimento são temas predominantes nas produções escolhidas para compor a programação.
Para Alexandre Caetano, do site Artigos de Cinema, mesmo com as particularidades culturais, ‘A teta assustada’ é um retrato geral da América Latina. “Explorada por séculos, a população naturalizou a violência a ponto dos oprimidos não desejarem a liberdade, mas ansiarem pela possibilidade de passarem para o lado opressor. Se não é possível atingir o topo da pirâmide social, outras formas de dominação cumprem a falsa ideia de poder. A mais comum é o estupro”, afirma.
Para a doutoranda em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Renata Maia, dentro do cenário cinematográfico da América Latina, “filmes como La Teta Asustada são imprescindíveis para problematizar a persistência da cultura do estupro, questões pertinentes às relações de gênero e raça/etnia na construção social da memória, além de evidenciar a produção cinematográfica dirigida e protagonizada por mulheres. O filme colabora, ainda, para que o conhecimento sobre traumas históricos – como o retratado na trama – alcance um público bem maior que leva a um envolvimento afetivo por parte de quem assiste”, afirma. Renata será a comentarista deste sábado no Cineclube.
As sessões do Cinema Comentado Cineclube são realizadas na sala de audiovisual do Centro Cultural Hermes de Paula, a partir das 19h. A entrada é franca e, após as exibições, acontece um breve bate-papo entre os participantes.
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