No sábado (28/11), às 19h, o Cinema Comentado Cineclube exibe O BAIANO FANTASMA (1984) em parceria com a Mostra de Cinema Permanente, do projeto Curta Circuito. Dirigido por Denoy de Oliveira, o filme conta a história de um nordestino que vai para São Paulo esperando melhorar de vida, mas acaba se tornando o cobrador de uma quadrilha que vende proteção pessoal aos retirantes.
Lambusca (interpretado pelo conhecido José Dumont) é mais um paraibano que desembarca em São Paulo a procura de uma vida melhor. Saindo da rodoviária, ele ajuda um cego a atravessar a rua e tem a sua carteira furtada. Disposto a melhorar de vida, deixar de ser quebra galho para ser um profissional de verdade, Lambusca tira a carteira de trabalho e sai em busca das oportunidades na cidade grande.
Em seu caminho cruza com Remela, o típico “malandro-sabonete”: aquele que descobriu que viver é sempre levar um pouco de vantagem em tudo. Não importa a moral ou o companheirismo; importa sobreviver. Recomendado por Remela, ele torna-se “funcionário” de uma quadrilha que cobra proteção de comerciantes e populares em dificuldades. E o ingênuo Lambusca pensa ser empregado de uma financeira.
Em princípio, o dinheiro chega fácil. O jovem paraibano (chamado por todos de “baiano”) compra roupas novas e gasta a grana sem muita cerimônia. Até que um devedor, pressionado por Lambusca, tem um infarto e morre. Surge a polícia na parada e é feito um retrato falado.
Nos jornais, a notícia é manchete: “Baiano Fantasma é a Causa Mortis”. Para complicar, Lambusca resolve não devolver o dinheiro arrecadado no dia. Acredita que pode desaparecer: afinal, não é um fantasma?
O BAIANO FANTASMA é uma crítica ácida à condição que muitos migrantes enfrentam no embate com a cidade grande do sul. Sonhos logo perdem o brilho e se mostram penitências de longa data. Sobreviver equivale a uma frase dita pelo protagonista: “A gente vai perdendo pernas, braços e vira um bicho”.
Para o crítico Edu Jancz , “o filme de Denoy de Oliveira, conduzido com maestria e rota ideológica traçada, não é uma ode ao pessimismo. Mas um alerta. Das dificuldades, preconceitos e perda de valores morais que norteiam o sobreviver do migrante numa cidade grande”. Classificação etária do programa: 16 Anos. Duração: 96 min.
A exibição dos filmes do Cinema Comentado Cineclube acontece aos sábados, na sala Geraldo Freire, a partir das 19h. Vale lembrar que a entrada é gratuita e aberta para toda a comunidade interessada em cinema e debates sobre a sétima arte.
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